Reflexão Sobre a Dor da Perda e as Cinco Fases do Luto, Baseadas na Obra de Elisabeth Kubler-Ross

2021-07-02

Reflexão Sobre a Dor da Perda e as Cinco Fases do Luto, Baseadas na Obra de Elisabeth Kubler-Ross

Elisabeth Kübler-Ross foi uma Psiquiatra que nasceu na Suíça em 1926, tendo desenvolvido um trabalho pioneiro e relevante, com pacientes em estado terminal, durante a década de 60.

É autora de vários livros, sendo que a sua primeira obra On Death and Dying, escrita em 1969, posteriormente traduzida para Português Sobre a Morte e o Morrer é a mais conhecida, e marcou profundamente o seu percurso profissional.

No seu livro On Death and Dying, Kübler-Ross propôs um modelo com a existência de 5 reações recorrentes em pessoas diante da morte. Estas fases emocionais ocorrem tanto em pessoas que se encontram em fase terminal, estando, também, presentes em pessoas que vivenciam uma experiência de perda, iniciando o respetivo processo de luto.

A primeira fase corresponde à Negação e Isolamento – Fase em que a pessoa é confrontada com a notícia da morte e verbaliza descrença face à realidade do facto. A pessoa fica incrédula e pode tender a um isolamento pessoal, que é perfeitamente natural, pois dá início ao seu processo de luto.

Será aconselhável que os profissionais e amigos deixem fluir esta fase, sem interferência, oferecendo o seu ombro amigo e oferecendo-se para simplesmente ouvir, pois a pessoa cai numa realidade muito dolorosa e é invadida por sentimentos negativos.

A segunda fase corresponde à Raiva – Após o período de negação, é natural que aflore um sentimento de raiva e cólera, com questionamentos intrínsecos às perguntas “Porquê eu?”; “Porque é que isto me está a acontecer?”; “Porquê a ele?”; “Porquê agora?”, chegando mesmo a tecer críticas face às circunstâncias, pessoas e acontecimentos relacionados com a morte do familiar.

A ausência de respostas satisfatórias potencia a manifestação da raiva de forma verbal, e até mesmo física, pois, para além da dor de ter perdido uma pessoa muito querida, a pessoa pensa em todos os projetos que já não conseguirá realizar.

Nesta fase, será aconselhável promover um espírito de tolerância, face a essas manifestações de raiva, pois as mesmas, ao serem expressas, aliviam o sofrimento inerente à dura realidade em que a pessoa se encontra.

A terceira fase é a fase da Negociação. Segundo Kübler-Ross, esta fase é a menos conhecida, mas não menos importante em todo o processo. A tentativa de negociação substitui o sentimento e reações de raiva. A pessoa tende a sentir a necessidade de verbalizar “se ao menos eu tivesse feito, dito…”  como se esse discurso permitisse um retorno à realidade anterior.

Nesta fase importa que os familiares estejam atentos a sinais que possam ajudar a identificar, e a ultrapassar eventuais sentimentos de culpa.

A quarta fase corresponde à Depressão – A fase de depressão é considerada parte do processo, sendo que é importante ir avaliando os sinais de tristeza e a respetiva duração temporal da mesma, apesar de não ser considerada patológica nesta fase. Começa-se a verificar uma tomada de consciência da perda e das alterações que a vida sofreu, com foco cada vez maior no momento presente.

Estar rodeada de companhia e receber estímulos de coragem e alento, pode ajudar muito nesta fase.

A quinta e última fase corresponde à Aceitação – Esta fase representa o culminar do processo de luto, em que a pessoa aceita os acontecimentos, com a devida ressalva de que, neste contexto, aceitar não significa “estar tudo bem” mas sim, passar a integrar a ausência do ente querido falecido no seu quotidiano, ajustando as rotinas à realidade atual.

Estas fases podem ser vivenciadas na sua totalidade ou parcialmente, e de forma alternada, sem que isso constitua um retrocesso, uma vez que o processo de luto não é único nem unidirecional, dependendo sempre de pessoa para pessoa.

Apesar de existirem outras abordagens inerentes ao processo de Luto, este modelo é o que, ainda na atualidade, reúne maior unanimidade e contribuiu para explicar as reações emocionais perante a morte. A autora deixa, assim, um legado muito valioso, defendendo que existe uma necessidade de refletir sobre a temática da morte, para melhor se poder encarar a vida.

Fontes:

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